Agressividade Infantil e Adolescente, o que fazer?
Para compreendermos a agressividade infantil e adolescente precisamos inicialmente aprender a distinguir a agressividade “normal”. Que é inerente a determinada faixa etária ou sexo e a agressividade que ultrapassou os limites. Ou seja, que está fora dos padrões esperados para cada indivíduo.
Destaco algumas etapas do desenvolvimento cognitivo da teoria piagentiana. Que considero fundamentais para a compreensão dos estágios de todo o processo evolutivo do indivíduo.:
Sensório-motora (0 – 2 anos): é uma fase em que a criança conhece o mundo através dos sentidos e reage ao mundo através de reflexos, levando tudo à boca (fase oral).
Pré-operatória (2 – 7 anos): a criança começa a assimilar noções de tempo e a seu modo não há conserto para suas ações e o raciocínio lógico ainda não está desenvolvido.
É bastante comum a criança até os dois anos de idade morder um coleguinha, ou seja. É esperado para sua fase e não deve ser considerado como uma ação agressiva.
A criança nesta fase é egocêntrica, ou seja, imagina que o mundo gira em torno dela. Ela ainda não aprendeu a expressar em palavras os seus sentimentos e vontades e por isso usa o corpo empurrando, gritando, chorando ou mordendo como uma forma mais eficiente e rápida de conseguir o que quer.
Alguns comportamentos comuns:
- A disputa por um brinquedo
- A disputa pela atenção de alguém que gosta
- Birras e gritarias quando contrariado
Estes são comportamentos muito comuns nesta fase, porém, é fundamental a imposição de limites. Interferindo quando necessário e explicando que a atitude não é correta. Já que as crianças desta idade não tem a noção de que estão machucando o “outro”. A agressividade pode ter o objetivo de machucar ou não. Muitas vezes surge apenas pelo desejo de conquistar algo.
Aos 3 anos aproximadamente as crianças descobrem a satisfação de se comunicar e brincar com o outro. Iniciando sua socialização. Pois já sabem se comunicar bem melhor em função de uma linguagem muito mais rica. Neste período a criança já tem uma intenção nas reações de agressividade, mas não evoluem. É necessário o início da imposição de limites básicos com pequenas punições sem atitudes violentas. Já que atos violentos geram mais violência.
Época escolar
Entre 4, 5 e 6 anos surgem os grupos ou panelinhas onde alguns comportamentos agressivos podem surgir em função das diferenças individuais: conflitos, brigas, provocações e desvalorização do outro. Podem nomear-se por apelidos pejorativos e humilhantes.
Já na fase de 7 a 10 anos trata-se de uma faixa etária perigosa em que a criança já tem noção do que pode ou não fazer.
Os comportamentos agressivos podem ter início no ambiente escolar. A escola é um meio de convívio social onde a criança necessita adaptar-se ao grupo, conquistar amigos, ou seja. Precisa aprender a relacionar-se com pessoas diferentes. Fato que significa sair de um mundo mais “protegido” que é o meio familiar e migrar muitas vezes para um mundo de mais difícil convivência.
Pais e professores devem estar atentos à intensidade e frequência das atitudes agressivas das crianças. Caso necessário buscar um apoio psicológico para extinção de tais comportamentos. A fim de que eles não se instalem definitivamente e ocasionem um problema de conduta mais sério no futuro. Bem como traumas , complexos, bloqueios emocionais, e outros.
Existem acontecimentos na vida da criança como:
A chegada de um irmãozinho. uma doença ou a perda de alguém querido. Ou ainda a mudança de ambiente como a casa ou escola. Que podem suscitar na criança reações passageiras de agressividade.
São situações comuns, porém. É preciso prestar a devida atenção para que tal comportamento não evolua para um transtorno de conduta na adolescência. E posteriormente na vida adulta podendo gerar pessoas com transtornos psicológicos ou de personalidade como: suicidas, bandidos, assassinos, depressivos, e, ainda possíveis vítimas ou agentes de bullying etc.
Outro fator fundamental que pode influenciar ou incentivar o comportamento agressivo é o ambiente em que a criança vive e interage no dia a dia: a relação familiar.
O comportamento agressivo pode surgir como o resultado de uma relação familiar deficiente em vários aspectos desde a infância. As reações agressivas que tem origem na infância podem apresentar diversas formas. Inicialmente podem ser demonstradas através de estados emocionais descontrolados. E com o passar do tempo e a maturidade podem tornar-se ações mais elaboradas e premeditadas quando adulto.
Devem ser considerados também: aspectos individuais, inatos, como sexo e hereditariedade. Alguns estudos mostram que as meninas se socializam mais facilmente em relação aos meninos que geralmente tendem a demonstrar mais problemas na adaptação social. Distinguimos assim uma tendência maior do aspecto da agressividade em relação ao sexo masculino.
É importante acrescentar que a agressividade infantil pode se manifestar em diferentes locais e intensidades. E assim também pode se direcionar diretamente a quem causou a raiva ou a outra pessoa ou objeto.
Outro fator importante é que a agressividade só pode ser considerada como um desvio de conduta quando manifestada por um longo período de tempo. Quando não existem acontecimentos importantes que estejam trazendo instabilidade emocional para a criança.
Pontos importantes a serem observados:
- Falta de imposição de limites; muitos pais acabam sendo extremamente permissivos com os filhos.
- Demasiada tolerância diante do surgimento da agressividade, ou seja, quando pais e professores não intervêm de maneira correta frente às primeiras evidências de traços agressivos da criança
- Cobrança excessiva dos pais e poucos elogios: pode ocasionar a baixa auto-estima e o sentimento impotência em realizar tarefas, podendo sentir-se sempre abaixo das expectativas, inferiorizada e desqualificada em relação a outras. Não consegue realizar suas tarefas diárias, torna-se agressiva, pois tem medo e ansiedade. Os pais devem auxiliá-las na execução de trabalhos sem excesso de cobranças e melhorar a auto-estima convencendo-a de suas qualidades e seus méritos.
- Desamparo: a criança pode sentir-se desamparada, demonstrar dificuldades em relacionar-se ou manter-se isolada do grupo: pode ser um sinal de que não sabe pedir ajuda, podendo ter explosões de ódio e revolta
- Abuso de poder: maus tratos, agressão física ou qualquer tipo de abuso : sexual, físico ou emocional (qualquer tipo de controle que o adulto pode faze)
- Pouca afetividade na relação familiar onde não há expressão dos afetos, os pais agem de forma extremamente racional e lógica, como uma forma de manter uma distância emocional na relação com os filhos reprimindo assim sensações, desejos e sentimentos
Formas de torturas psicológica
A qualidade na relação com os filhos é fundamental principalmente até os 6 anos de idade que é o período de formação de personalidade. A compreensão, afeto, prazer , o elogio e o diálogo são formas muito eficientes de lidar com a criança no seu dia a dia.
Negligência ou omissões causam danos psicológicos. Cognitivos e físicos a crianças. Elas precisam ter conhecimento sobre os acontecimentos do meio familiar. Sentir-se participativa e integrante do âmbito familiar.
Como a Psicoterapia Pode Ajudar:
As crianças e adolescentes tem muita dificuldade em expressar seus sentimentos. Pois estão em fases ainda imaturas e em desenvolvimento. Onde muitos sentimentos são confusos e complicados de compreender e lidar com estes.
A psicoterapia utiliza-se de técnicas muito eficazes que facilitam a comunicação do paciente em relação a seus sentimentos. Pois utilizam assim uma linguagem muito mais acessível.
O psicólogo irá investigar o histórico do paciente a fim de compreender qual ou quais são os fatores que estão suscitando impulsos agressivos na criança ou adolescente.
Em que momento e situação isto ocorreu. Além de trabalhar com esses possíveis traumas e bloqueios psicológicos. Dessa forma a extinguir tais comportamentos ajudando-lhe a ser um adulto mais feliz.
Deverá ser um trabalho realizado em conjunto com a família (principalmente com os pais). Escola e demais relações importantes da criança. Pois além da psicoterapia da criança. Os pais também serão orientados no sentido de ajudar a criança neste processo.
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